Yes, the Leash is now a Chew Toy
2 min readAug 28, 2023

Reading Report #1

Eu li okaeri alice como uma voyeur. E escrevo essa impressão como uma apaixonada histérica. Meu coração está batendo horizontalmente. Eu me sinto confessando um amor para uma garota inexplicavelmente bonita. Uma garota que tem acesso a um saber que me foi negado. Um vazio que insiste. Uma palavra segurada até o último instante. "Eu te amo", ela me diz. Será que eu mereço? Mereço ser tão bela quando ela diz que eu sou?

Os olhos atentos da limão de algumas semanas atrás já haviam notado como a Kei é especial. O desprendimento dela de qualquer discurso sobre seu corpo. O prazer em gerar o caos queer em tudo que toca. Gostamos de nos sentir como a Kei, porque a Kei é aquilo que foi paulatinamente arrancado de nós. Nós arrancamos algo dos outros de volta.

Sexo e Amor. Homens e Mulheres. Corpos e Almas. Está faltando o acento. Sexo é Amor, Homens são Mulheres, Corpos são Almas. Nenhum dos termos tem prioridade sobre os outros. Ainda que os espectros de Kei e Yo pareçam "espíritos" eles são algo anterior à divisão entre espírito e carne. Quem disse que o que eu sinto é tesão? Quem decidiu o que é necessário para se tornar mulher? Quem quer que seja, não está com a gente agora, não vai conseguir nos incomodar.

A conclusão que o manga espere que cheguemos é o descarte de todo o dualismo no que diz respeito ao amor e a identidade (que também colapsam um no outro). Nem a divisão Eu X Outro é necessária (uma instrumentalização humana do bem, talvez), já que é na mistura que Kei-Yo realmente se tornam vives. O amor é a possibilidade do Eu se desfazer. O sexo é a conexão com a beleza que transcende o corpo sem deixar de sê-lo imanente. Comprovaremos estas teses na prática, criando Corpos de Verdade, juntas. Okaeri Alice me deixou segura disso.